Patologias frequentes Glaucoma

O que é o Glaucoma?
É a segunda principal causa de cegueira no mundo. É uma doença silenciosa e degenerativa, que afeta o nervo ótico, causando uma perda progressiva de fibras nervosas da retina e alterações na aparência do nervo ótico. Tudo isto de forma assintomática, especialmente nas fases iniciais da doença.

Existem vários tipos de glaucoma, cada um dos quais tem uma origem e evolução diferente, embora a maioria dos casos corresponda ao chamado glaucoma crónico simples ou glaucoma de ângulo aberto.
 
Por que isso acontece?
O glaucoma tem uma componente hereditária muito marcada, que é atualmente objeto de muita investigação. Cerca de 90 % dos fatores que causam a doença são primários, o que significa que geralmente observa-se o aparecimento da doença em descendentes de famílias com história prévia de glaucoma.

Outro fator importante que pode influenciar o aparecimento de glaucoma é o aumento sustentado da pressão intraocular, embora não exista uma correlação exata entre glaucoma e pressão intraocular: um terço dos doentes podem desenvolver a doença com valores de pressão intraocular normal, e em outros casos, (também cerca de um terço) existem valores elevados de pressão intraocular sem qualquer impacto oftalmológico.
 
Como se manifesta?
É uma doença cujos sintomas apenas surgem num estado avançado de evolução, com defeitos de campo visual periférico e perda da visão, geralmente irreversíveis. Alguns pacientes queixam-se de visão turva ou halos, embora o mais comum é a perda lenta e progressiva da visão periférica, como se a pessoa olhasse através de um tubo encostado ao olho.

A avaliação de um doente com glaucoma inclui, para além de um exame oftalmológico completo, a medição do campo visual do paciente, particularmente através perimetria automática computorizada. Quando é detetada a alteração no campo visual isso significa que já terá ocorrido uma perda de cerca de 30 a 40 por cento das fibras nervosas da retina. Outro exame fundamental na avaliação inicial e no seguimento da doença é a tomografia ótica de coerência (OCT) do nervo ótico, exame que permite medir o número de células nervosas que já foram perdidas devido ao glaucoma. Portanto, é fundamental o diagnóstico precoce.

A partir do momento em que se realiza o diagnóstico de glaucoma, é necessário realizar exames regulares para medição da pressão intraocular, realização de perimetrias automáticas e a realização de um exame morfológico do nervo ótico, um OCT, que permite quantificar a perda de fibras nervosas e a comparação com valores de indivíduos saudáveis. Além disso, no momento do diagnóstico é necessário ter em conta a espessura da córnea, que não é a mesma em todos os pacientes, de forma a determinar se as medições de pressão intraocular que são realizadas não tenham de sofrer algum ajuste.
 
Qual é o seu tratamento?
O maior objetivo no tratamento do glaucoma é fazer um diagnóstico precoce da doença. Portanto, em casos de haver história familiar de glaucoma, o ideal é que as revisões sejam feitas periodicamente depois dos 40 anos. Na consulta estas revisões de rotina incluem a medição da pressão intraocular e a observação do nervo ótico, que ajuda a diagnosticar o problema com antecedência.

A adesão ao tratamento por parte paciente é crucial. Uma das coisas mais difíceis no tratamento do glaucoma é a adesão ao tratamento, ou seja, o cumprimento diário da medicação. Por outro lado, existem estudos que demonstram que entre 40 a 50 por cento dos pacientes não sabe aplicar corretamente as gotas nos olhos.

Atualmente, o tratamento baseia-se em fazer descer o valor da pressão intraocular. Podemos atingir este objetivo através da aplicação de tratamentos tópicos (colírios), ou à realização de tratamento com laser ou mesmo cirurgia, quando o tratamento médico é ineficaz ou não tolerável pelo doente.